Manuel Mar. “Poesia”
O REFÚGIO AMALDIÇOADO
Quando era menino
brincava às casinhas
E já fazia delas o meu
castelo de refúgio
Brincava com as coisas
que eram minhas
Mas aprendendo com as
lindas avezinhas
A maneira de construir o
meu subterfúgio.
E fiquei com essa ideia
metida na cabeça
Durante os bons anos da
minha mocidade
Mas, e por muito
estranho que isso pareça
Eu comecei a construir
um refúgio à pressa
Quase ao centro duma
minha propriedade.
Eu aspirava viver no
meio daquele monte
Lá nos arrabaldes dessa
linda Serra d’Aire
Tinha lá boa água como a
da melhor fonte
Desfrutava do mais
maravilhoso horizonte
Mas acabei por sofrer lá
o grande desaire.
Furtaram-me tudo quanto
eu lá detinha
E, até portas e os
portões, tudo limparam
Queixei-me à polícia da
má sorte minha
Contei tudo como quem
reza a ladainha
E para o Tribunal,
queixa eles mandaram.
Meses depois chamaram-me
ao Tribunal,
Só para dizerem que nada
foi encontrado
O que já é conhecido e
de forma habitual
Que muitos roubam no já
velho Portugal
E qualquer dia ainda nos
roubam o fado.
Manuel Mar.
®
Torres Novas,24/07/2016
Foto: Refúgio
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