Manuel Mar. “Poesia”
VIVER ABANDONADO
Vivo agora apenas da
caridade,
Já nada me pertence no
mundo,
E perdi toda a minha
mocidade,
A lutar para haver a
igualdade,
E aos poucos fui parar no
fundo.
Filho de gente honrada e
pura,
Tenho uma alma e um coração,
Mas toda a minha
desventura,
Foi meter-me numa
aventura,
Onde fiquei sem ter um
tostão.
Ambos os meus pais
faleceram,
E fiquei só e sem ter um
abrigo,
Os meus tios todos já
partiram,
Todos os seus bens, se
sumiram,
Agora, tenho a vida em
perigo.
Já estou velho para
trabalhar,
Já a minha casa é toda a
rua,
E se a sopa dos pobres
acabar,
Como nunca aprendi a
roubar,
Vou morrer à fome bem
crua.
Resta-me ainda a
esperança,
O Governo fazer como a
Suíça
Tirar um pouco da
abastança,
Dos ricos com a grande
pança,
E dar aos pobres uma
linguiça.
Manuel Mar.
®
Torres Novas,19/07/2016
Foto: Net
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